quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Literatura, preconceito e contextos sociais

A literatura, como todas as outras produções humanas, está diretamente ligada aos movimentos e “distorções” da história, igualmente, não é de se estranhar que ela seja influenciada pelos diversos contextos existentes. Nesse sentido, a ligação que esta tem com a história do preconceito no mundo, vai muito além do que o retrato de uma situação ou do social. Ela também participa ativamente destes movimentos.
Um exemplo claro dessa participação é na libertação dos escravos. O movimento teve grande influência da literatura. A elite letrada da época se baseava nos grandes escritores para a formação de suas opiniões e até como orientação para suas atitudes. Alguns escritores que apoiavam a causa usaram de sua influência para fortalecer o movimento, se articulando assim na luta a favor da libertação dos escravos, não necessariamente contra o preconceito racial, pois esta idéia só veio a se fortalecer mais tardiamente.

Segundo o professor, pesquisador e sociólogo Pedroso Neto, “a literatura está inclusa como fundamental nos processos de mudança e constituição das sociedades, desde que o homem é letrado”. No caso do preconceito racial ele cita a obra do Conde Gobineau como uma das principais difusoras da ideologia de inferioridade ou superioridade racial aqui no Brasil e ressalta que ela foi fundamental para a penetração dessa idéia na cultura.

Josafá Miranda de Souza, formado em letras, escritor, professor, ator e teatrólogo diz que, obras como “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo são responsáveis por mudanças ou legitimação de ideologias vigentes. Ele diz ainda que a literatura de uma forma ou outra funciona como um mecanismo de condicionamento social, algumas vezes antevendo movimentos, ou como já dito, registrando e validando.
É necessário perceber que existem contrastes, porém, “o importante é que ela é pública e objetiva. Isso permite o debate e o confronto de idéias, além de admitir forte atuação das instâncias encarregadas de constranger o preconceito, seja porque permite punir o que está codificado como preconceito, seja porque permite codificar o que ainda não está codificado como preconceito”, diz o sociólogo Pedroso Neto.

A professora Zélia Maria Rosso, formada em letras pela UFP (Universidade Federal de Passo Fundo) aponta o poeta Fidencio Bogo como um dos principais fomentadores de produções relacionadas ao preconceito no Tocantins, com obras como: “Escravo de ontem, escravo de hoje” relacionado ao preconceito racial, “Maria Dizé” ao preconceito contra a mulher e “Nóis Mudemo” sobre o preconceito entre classes.

Machado de Assis, gigante da literatura nacional, não só sofreu preconceito como desenvolveu o tema. Outro literato, Castro Alves recebeu o adjetivo de “O poeta dos escravos” por suas obras tratarem e defenderem a temática em uma sociedade fechada para esse tipo de discussões.

A literatura se faz assim um espaço democrático, acolhendo vários temas e dando espaço para idéias contrastantes. Deste modo, seu papel principal como mídia que é, torna-se fomentar o debate, difundir e servir como um meio para que novas idéias sejam expostas estimulando a reflexão na sociedade e sistemas vigentes.

Um comentário:

Monólogo Poético disse...

Poderia me indicar bibliografias sobre esse tema?
ficaria grata...

andreia_bissolati@hotmail.com

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